O principal tema do projeto – uma caixa escura contendo os espaços privados apoiada sobre uma série de paredes brancas que delimitam os espaços semi-públicos – se completa pelas relações que uma residência contemporânea necessita estabelecer com seu ambiente construído e natural. O sistema de pátios, em conjunto com as áreas de estar, faze a transição entre o público e o privado, e são concebidos de acordo com a paisagem e a luz natural, projetados para garantir intimidade, comunicação e exposição necessárias para uma jovem família.
Ao invés de delimitar claramente os ambientes – público/privado – todo o espaço do térreo, os pátios externos e as áreas de estar internas, é dividido e organizado por uma série de paredes brancas que cruzam esse espaço, sustentam a caixa onde se localiza o quarto e dividem o térreo em cinco pátios exteriores, orientados de maneiras diferentes e com diversos níveis de permeabilidade. O primeiro é um pátio público dedicado ao estacionamento e acesso, diferenciando-se da rua apenas pela textura do piso.
A passagem para a casa é feita através de um segundo pátio semi-privado, cujo papel é acolher quem adentra na casa. Os outros três pátios têm caráter privado e são adjacentes às principais aberturas do térreo. O primeiro destes é orientado para sul, para o pomar, e possui um terraço que serve à cozinha. O pátio mais complexo, na realidade um ambiente externo, é uma extensão da sala de estar que está orientado para oeste e é parcialmente coberto. Ao fundo do terreno se localiza o maior dos pátios, o jardim-pomar.
Vistas de fora, as funções internas se dividem em duas tipologias: espaços com um forte caráter público, da rotina diária, localizados no térreo, abertos e fluidos; e os espaços privados que abrigam as atividades noturnas, localizados no primeiro pavimento, envolvidos por um volume preto. De dentro a delimitação é muito mais flexível e pode facilmente alterada pelos moradores.
A sala de estar, cozinha e área de jantar são ambientes abertos contidos em uma grande espaço parcialmente delimitado pelas paredes brancas, da mesma forma que os pátios. No térreo o espaço permanece fluido, inundado por luz natural abundante e mobiliado minimamente com volumes simples. As amplas janelas permitem uma abertura completa, auxiliando na flexibilidade das delimitações entre interior e exterior.
O trajeto das áreas públicas para as privadas, no térreo, é conduzido por uma parede colorida onde estão embutidos os degraus brancos da escada. A permeabilidade do interior é gradual em relação à redução da entrada de luz natural. Esta diminui da sala de estar até o quarto do casal – o ambiente mais privado da casa. O primeiro ambiente do trajeto no pavimento superior é o escritório, delimitado apenas pela prateleira de livros transparente. Assim que se passa por este ambiente, o caminho colorido se escurece em direção aos quartos. Porém, assim que se adentra nos quartos, a perspectiva muda radicalmente. Estes são abertos, claros e se relacionam com o exterior através de grandes janelas.
O mobiliário é branco, simples e se integra à solução arquitetônica acentuando algumas áreas funcionais através de pontos coloridos. Ele é pensado como um suporte, dando liberdade para que os objetos personalizem o lugar.